quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Brasil Ride - Considerações Finais

Falaí galerinha!

Esse vai ser o último relato a respeito de toda a aventura que foi treinar e participar do Brasil Ride 2014. Vou contar tudo aquilo que vi de bom e de ruim na prova, com o objetivo de aconselhar você, que pensa em participar dessa insanidade toda. =D


[ SUPLEMENTAÇÃO ]
Acredite... Você vai usar uma quantidade muito menor de suplementação do que imagina. Desconsiderando o fato de que não larguei nos últimos 3 dias por conta da fratura no punho, em todos os outros 4 tive sobras na suplementação que separei pra cada dia. Tenho uma sacola em casa com carboidrato em gel para os treinos dos próximos (talvez) 2 meses.
Nos pontos de apoio, você encontra comida o suficiente para se repor: frutas, doces, biscoitos salgados, sucos, refrigerante, água... Dá pra pular o gel nestes locais.

Suplemento pós-etapa? Você vai terminar cada dia sem querer BEBER MAIS NADA! Todas as bebidas recovery que levei voltaram pra João Pessoa. Ao fim de cada dia, a maior vontade que dá é a de comer como se não houvesse amanhã no restaurante da organização.
Com a passagem dos dias, chega aquela sensação de enjoo com a suplementação. Leve apenas a quantidade que se acostumou a tomar durante os treinos.


Cenário de matar. E que vai tentar vencer você.

[ TRANSPORTE ]
Dependendo do local do país em que você estiver, considere a opção de ir de carro. Nós teríamos economizado muito se tivéssemos feito isso.
A despesa com passagens aéreas + traslado para Mucugê é muito alta. Sem falar no excesso de bagagem que você corre o risco de pagar (na ida, a "passagem" da MTB saiu mais cara que a minha). Somando tudo, devo ter gasto, sozinho, quase R$ 1.000 com transporte. Seria mais que o suficiente pra bancar a gasolina de nós dois.
Outra vantagem de ir com transporte próprio é não depender do transporte da organização, que foi o que aconteceu no meu caso, que quebrei o punho no meio da prova. Sobre isso falo mais adiante em relação ao que não gostei lá.


[ HOSPEDAGEM ]
Considere dormir em pousada, e não no acampamento da organização. Não há problema algum em dormir nas barracas. Tá todo mundo tão cansado, que você simplesmente apaga.
Os problemas em ficar no acampamento são 2:
1. Durante o dia é impossível ficar dentro da barraca com o sol que faz lá. Você derrete.
2. A organização cede banheiros químicos para os atletas. Consegue imaginar como ficam os banheiros com pelo menos 200 atletas utilizando, né? Não é bonito =D
Além disso, ficando em pousada, você tem a comodidade de ter tomadas à disposição para recarregar todos os seus gadgets.


[ EQUIPAMENTO ]
Eu recomendo MUITO que, caso possua uma situação financeira confortável, você corra com uma bike Full Suspension de carbono. O ganho em conforto vai ser absurdo. A parte do peso é o de menos. O negócio é amaciar o máximo possível a porradaria que se toma na bunda.
Dá pra correr com bike de alumínio? Dá sim. Ítalo, aqui de João Pessoa, correu com uma Scott Scale 770 (se não me engano) e foi Finisher. Vi muita gente correndo de alumínio. Você só abre mão de um pouco de conforto.

Equipamento: não pode ter frescura. Simples assim.

Em hipótese alguma participe com uma sapatilha de carbono. Eu digo que o solado dela não vai passar da 4ª etapa, pois somando todos os dias, você vai passar algumas horas empurrando sua bicicleta em um terreno que é pura pedra. Helio teve que comprar outra sapatilha lá, e a nova já voltou pra JP bem desgastada.

Dê preferência a uma relação da Shimano. Eu uso SRAM e nas duas vezes que precisei do apoio da Shimano, a bike me foi devolvida pior e tive que regular os câmbios no meio das etapas. Caso você também use SRAM, tenha o mínimo de conhecimento em ajustes de câmbio.

Utilize pneus reforçados. Nós usamos o RaceKing Protection da Continental. O danado apanhou muito nas pedras da região, mas não tivemos nenhum problema. Vi muita gente parada no meio do caminho com problemas de pneus.


[ O QUE CURTI ]
  • O clima da prova é sensacional! Todo mundo ali tentando sobreviver dia após dia. Todos se ajudando a cada etapa. Em cada ponto de água, os voluntários tentam animar os atletas para continuarem na prova. E o mesmo acontece em cada vilarejo em que passamos. Dá aquele UP no ânimo, mesmo você não tendo mais energias.
  • O nível do percurso é absurdo. Acredite: você nunca estará treinado o suficiente. Não subestime o Brasil Ride. Ele tá muito acima daquilo que aparece nos vídeos. Treine, treine, e quando estiver cansado, treine mais ainda. Você será levado ao limite lá.
  • O restaurante da organização é imenso. Tem uma variedade muito grande de opções, e você come até não aguentar mais. Eu jantava 2x todos os dias =X
  • A equipe médica. Esses aqui estão de parabéns. Depois da loucura que foi a 2ª etapa, esses caras podem ser considerados heróis! Me deram todo o apoio após o acidente. E Helio deu trabalho a eles todos os dias!
  • Com todos os atletas convivendo juntos, consegui conhecer muita gente legal. Pude conversar com o Henrique Avancini e o Sherman Trezza (Caloi Elite Team), conheci o Henrique Andrade, a Viviane Faveri e o Weimar Pettengill. Helio se assustou com a minha facilidade de networking lá. O tempo todo, eu chegava "tu não sabe com quem tava conversando ali..." kkkkkkkkkkkkk


Para uns, a salvação. Para outros, um problema.

[ DEU RUIM! ]
  • Como falei, nas duas vezes em que precisei do suporte da Shimano, acabei tendo que regular por conta própria logo depois. Se for de SRAM, seja autônomo nas regulagens da bike.
  • Banheiros químicos. Porque mais de 200 atletas usando não dá, né? =D
  • Água com gosto de cloro. Acredito que a água venha das represas próximas às cidades. Dá pra beber sem problemas. É limpa. Mas tem um gosto de cloro muito grande. do 3º dia em diante, comprávamos água mineral.
  • A organização oferece tomadas e internet Wi-Fi no Lounge. As tomadas funcionam. Mas a internet passa mais tempo fora do ar do que funcional. Ponto pra quem fica em pousada.
  • A camisa, e o MANGUITO de Finisher. Porque, além de ter ficado tudo feio pra caralho demais, a pessoa rala 7 dias, mas o nome Finisher vem no manguito?
  • Mas o que mais me chateou foi o descaso da organização no 6º dia com quem não conseguiu continuar na prova. Como quebrei o punho, era lógico que eu não podia voltar pedalando de Rio de Contas para Mucugê. Então na noite do 5º dia, procurei a organização para saber como proceder. Me recomendaram procurar uma moça lá, que nunca estava presente ou disponível. Após a largada da 6ª etapa, Carlo (de Araraquara/SP) e eu fomos novamente procurar um meio de voltar pra Mucugê. E então, um dos diretores de prova nos solta um absurdo:
- Como fazemos para voltar para Rio de Contas?
- Tem o ônibus-vassoura.
- Mas são 6h da manhã e ele só chega em Mucugê às 9h da noite!
- Pois é.
- Mas eu to com o punho quebrado e ele com o joelho inchado.
- Fazer o que?
Quer dizer... Com a prova custando R$ 2.500 por cabeça (esse ano subiu pra R$ 3.000!) e uma porrada de patrocinadores, eles não tinham condições de ter uma van para transporte dos desistentes ou impossibilitados de continuar? Tivemos que chorar carona com um dos voluntários que foi no próprio carro (valeu Fidelis! Salvou nossas vidas!). O percurso valeu cada centavo, mas a organização deixou a desejar.


Se der tudo certo, esse será seu estado ao fim de cada etapa.


Se você realmente pretende correr o Brasil Ride, parabéns! Te garanto que vai ser uma semana inesquecível. Céu e Inferno juntos durante 7 dias de pura diversão para todos os amantes do mais puro Mountain Bike.

Caso tenham dúvidas sobre algo que esqueci de comentar, me perguntem nos comentários. Vou responder com o maior prazer.

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