terça-feira, 14 de julho de 2015

Maratona Solo

No último dia 21 de junho, participei da Maratona Solo. Uma prova de 80km organizada na região de Macaíba/RN e que foi organizada pelo grupo Mountain Bike Natal. Como já falei algumas vezes, as provas deles são, de longe, as mais organizadas que já vi aqui pelas proximidades da Paraíba.


O circuito era formado em sua maioria por estradões de terra, com trechos curtos em singletrack, e a altimetria não era um problema. Mas nem por isso foi uma prova fácil. Com longos trechos de vento cruzado e frontal, a resistência física dos atletas foi colocada à prova.

Como já esperava, o pelotão me deixou comendo poeira logo nos primeiros quilômetros de prova, e as categorias posteriores começaram a me alcançar. Minha estratégia era ganhar tempo não parando em todos os pontos de água e enquanto tentava manter uma velocidade pouco acima de 20km/h.


Passei direto pelo PC1 (KM-22), onde alguns atletas já estavam parados. A estratégia estava dando certo na minha linha de raciocínio, que concluiu que eles eram da minha categoria (kkkkkkkkkkkk).

Segui mantendo o mesmo ritmo até o PC2 (KM-37) onde já começava a alcançar alguns atletas. Parei para comer e tomar um pouco de água, e segui na prova. Meu problema começou pouco depois, quando o percurso virou para o leste, e andávamos contra o vento. As pernas finas não davam conta de manter a velocidade, e a média caiu de 23 para 18 km/h.


O Helio conseguiu terminar dentro do TOP-10, com aproximadamente 3:20h de prova. Finalizei em 4:14h com uma média de 19.4 km/h, bem próximo dos 20 km/h que planejava. Foi uma prova bem divertida, já com aquele gostinho de vento na cara que o Bob (diretor de prova) tá preparando para o Desafio 300km em setembro.

sábado, 4 de julho de 2015

Brasil Ride Warm Up 2015

De 4 a 7 de junho, rolou o Festival Brasil Ride na cidade de Botucatu/SP. O evento reuniu atletas das modalidades de ciclismo de estrada, mountain bike e corrida na região da Cuesta.

Organizado pela equipe do Mario Roma, o evento é um pequeno aperitivo para quem deseja participar da ultramaratona na Chapada Diamantina, contando com 3 dias de mountain bike, totalizando 195km.

Depois de 3 dias de sofrência

Segundo o Hélio, "a dificuldade técnica da prova foi muito alta, com a organização aparentando se divertir ao ver o sofrimento dos atletas participantes". kkkkkkkkkkkk

Abaixo, segue um vídeo com o resumo de como foi sua participação no evento.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Teste: suporte de manutenção Duzo

Fala galerinha!

Eu sou meio paranoico com limpeza de bicicleta. Não consigo deixar as minhas sem limpar por uma semana inteira. Desde que comecei a pedalar, procuro vídeos e sites que mostram como fazer uma lavagem corretamente. Porém, sempre lavei as pirralhas encostadas em algum muro no térreo do prédio em que moro, ou seja, as bicicletas não tinham nenhuma estabilidade durante todo o processo de lavagem, correndo o risco de caírem ou arranharem algum componente.

Por um breve momento, utilizei um suporte em PVC montado através de um tutorial que encontrei nas internets. Apesar de livrar as bikes de ficarem encostadas em alguma parede, não ficavam muito equilibradas.

Suporte de PVC que usei como modelo

Com esses problemas, comecei a pesquisar cavaletes para manutenção/lavagem. Sempre fui fã dos modelos da Topeak, mas investir cerca de R$ 1.300,00 em um equipamento para fins caseiros não seria muito lógico. Cheguei a encontrar modelos de outra marca por volta de R$ 800,00, mas ainda estavam muito longe do valor para um investimento viável.

E foi quando encontrei o modelo da Duzo Suportes, que farei uma avaliação para vocês.


Logo de cara, o valor estava dentro da margem que poderia investir: R$ 399,00. Pretendia comprar, mas acabei ganhando de presente de minha namorada =D

O suporte é todo feito em alumínio e algumas partes em plástico resistente. Todos os ajustes dele podem ser feitos através de blocagens, facilitando a vida do usuário durante o seu transporte e na troca de uma bicicleta por outra.

As bicicletas devem ser presas no cavalete pelo canote. A garra de fixação é giratória, permitindo o nivelamento das rodas paralelamente ao solo, independente da geometria do quadro. Outra coisa que achei bem legal é que através de uma pequena rosca, é possível adaptar a fixação para praticamente todos os diâmetros de canote. De 27.2 mm aos absurdos 34.9 mm que a minha Scale utiliza.


Além do tripé e da garra de fixação, o cavalete ainda acompanha uma pequena, mas prática, prateleira para guardar as ferramentas durante os trabalhos.

Para não dizer que o produto recebeu uma avaliação 100% positiva, encontrei um pequeno problema. Quando se encontra recolhido para armazenagem, as pernas ficam mais curtas que o corpo do cavalete. E isso impossibilita que ele fique de pé por conta própria, sem ser apoiado em alguma parede ou objeto.

Os pés poderiam ser poucos centímetros mais longos

Testei o produto algumas vezes, e aprovo. Para quem gosta de cuidar das próprias magrelas, mas não pode gastar uma fortuna com produtos importados, acredito que o modelo da Duzo é uma excelente opção.

[ DADOS DO PRODUTO ]
Material: Alumínio e Polímero de alta resistência
Peso: ~3,5 Kg
Altura: 1m a 1,80m
Embalagem: 100cm x 15cm x 16cm
Diâmetros do canote: de Ø26mm a Ø35mm
Fabricante: Duzo Suportes

sexta-feira, 20 de março de 2015

1ª Etapa Endurance RN


No último domingo (15/03) tivemos a primeira etapa do Endurance RN, na região do município de Baía Formosa.

Esta foi minha primeira prova desde o Brasil Ride em outubro do ano passado. Na verdade, essa foi a 2ª vez que pedalei na Scale desde que fraturei o punho, pois tive que acionar a garantia da suspensão, por causa de um problema no cartucho hidráulico. Entre a suspensão ir para a Fox, voltar aqui para João Pessoa e consertarem de verdade, passaram-se 4 meses sem mountain bike.

Conversando com o Helio sobre o Locutor Maquininha
gritando loucamente lá na Bahia. kkkkkkkkkkk

Com a largada acontecendo pontualmente às 8h da manhã, tivemos um longo trecho em asfalto (cerca de 17 quilômetros). A turma da elite disparou (obviamente), e nós tentamos nos manter entre os 2º e 3º pelotões. O vento forte cruzado nos dava uma ideia do que enfrentaríamos sempre que seguíssemos em direção ao sul (aqui pela região, o vento costuma vir de sudeste).

Passamos direto pelo PC-1, que mais servia para informar onde haveria a separação entre os percursos de 50 e 100 quilômetros, e seguimos tentando manter o mesmo ritmo. Quando viramos para o sul, o caldo engrossou. A velocidade caiu de coisa de 25 km/h pra coisa de 16.


Helio tava girando solto, a ponto de puxar outra dupla conosco, e eu ia ficando. Esses 4 meses de ferrugem acumulada nas trilhas não me fizeram muito bem, pois a FC tava trabalhando sempre acima de 180 bpm.

E pra piorar, pouco depois a minha corrente travou entre o lado de fora da coroa e o câmbio. Foi algo muito "se eu tentasse, não conseguiria fazer isso". A corrente veio por baixo, deu a volta na própria coroa e subiu até o câmbio. Consegui soltar tudo, mas a braçadeira do câmbio partiu (mais uma despesa na conta!).

Gastei o tempo necessário no PC 2 me alimentando e fazendo a hidratação, enquanto decidia se dava pra continuar na prova ou não. Continuamos por mais uns 7km, até que optei por encerrar minha participação. Tanto tempo com a FC tão alta já tava me fazendo ver o mundo girar, então não quis piorar a situação. Voltei de boa pelo asfalto até Baía Formosa, enquanto Helio continuou o percurso, como treinamento.

PC-3

Sobre a organização da prova, eu não tenho reclamações. Os caras estão sempre de parabéns.
Recebemos de 2 a 3 e-mails com informativos sobre as provas, incluindo o tracklog dos percursos para quem vai correr com GPS. O percurso é totalmente sinalizado e todos os PCs estão exatamente no ponto em que foram demarcados.
Do que eu já vi aqui nas proximidades, não há provas mais organizadas que as do pessoal do Mountain Bike Natal. Pra a turma aqui da Paraíba e até de Pernambuco que ainda não conhece, acho que vale muito à pena dar uma conferida no trabalho do pessoal.
Abaixo, segue calendário das próximas provas.


[ FOTOS ]
- Ivo Vieira
- Augusto Ratis

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Brasil Ride - Considerações Finais

Falaí galerinha!

Esse vai ser o último relato a respeito de toda a aventura que foi treinar e participar do Brasil Ride 2014. Vou contar tudo aquilo que vi de bom e de ruim na prova, com o objetivo de aconselhar você, que pensa em participar dessa insanidade toda. =D


[ SUPLEMENTAÇÃO ]
Acredite... Você vai usar uma quantidade muito menor de suplementação do que imagina. Desconsiderando o fato de que não larguei nos últimos 3 dias por conta da fratura no punho, em todos os outros 4 tive sobras na suplementação que separei pra cada dia. Tenho uma sacola em casa com carboidrato em gel para os treinos dos próximos (talvez) 2 meses.
Nos pontos de apoio, você encontra comida o suficiente para se repor: frutas, doces, biscoitos salgados, sucos, refrigerante, água... Dá pra pular o gel nestes locais.

Suplemento pós-etapa? Você vai terminar cada dia sem querer BEBER MAIS NADA! Todas as bebidas recovery que levei voltaram pra João Pessoa. Ao fim de cada dia, a maior vontade que dá é a de comer como se não houvesse amanhã no restaurante da organização.
Com a passagem dos dias, chega aquela sensação de enjoo com a suplementação. Leve apenas a quantidade que se acostumou a tomar durante os treinos.


Cenário de matar. E que vai tentar vencer você.

[ TRANSPORTE ]
Dependendo do local do país em que você estiver, considere a opção de ir de carro. Nós teríamos economizado muito se tivéssemos feito isso.
A despesa com passagens aéreas + traslado para Mucugê é muito alta. Sem falar no excesso de bagagem que você corre o risco de pagar (na ida, a "passagem" da MTB saiu mais cara que a minha). Somando tudo, devo ter gasto, sozinho, quase R$ 1.000 com transporte. Seria mais que o suficiente pra bancar a gasolina de nós dois.
Outra vantagem de ir com transporte próprio é não depender do transporte da organização, que foi o que aconteceu no meu caso, que quebrei o punho no meio da prova. Sobre isso falo mais adiante em relação ao que não gostei lá.


[ HOSPEDAGEM ]
Considere dormir em pousada, e não no acampamento da organização. Não há problema algum em dormir nas barracas. Tá todo mundo tão cansado, que você simplesmente apaga.
Os problemas em ficar no acampamento são 2:
1. Durante o dia é impossível ficar dentro da barraca com o sol que faz lá. Você derrete.
2. A organização cede banheiros químicos para os atletas. Consegue imaginar como ficam os banheiros com pelo menos 200 atletas utilizando, né? Não é bonito =D
Além disso, ficando em pousada, você tem a comodidade de ter tomadas à disposição para recarregar todos os seus gadgets.


[ EQUIPAMENTO ]
Eu recomendo MUITO que, caso possua uma situação financeira confortável, você corra com uma bike Full Suspension de carbono. O ganho em conforto vai ser absurdo. A parte do peso é o de menos. O negócio é amaciar o máximo possível a porradaria que se toma na bunda.
Dá pra correr com bike de alumínio? Dá sim. Ítalo, aqui de João Pessoa, correu com uma Scott Scale 770 (se não me engano) e foi Finisher. Vi muita gente correndo de alumínio. Você só abre mão de um pouco de conforto.

Equipamento: não pode ter frescura. Simples assim.

Em hipótese alguma participe com uma sapatilha de carbono. Eu digo que o solado dela não vai passar da 4ª etapa, pois somando todos os dias, você vai passar algumas horas empurrando sua bicicleta em um terreno que é pura pedra. Helio teve que comprar outra sapatilha lá, e a nova já voltou pra JP bem desgastada.

Dê preferência a uma relação da Shimano. Eu uso SRAM e nas duas vezes que precisei do apoio da Shimano, a bike me foi devolvida pior e tive que regular os câmbios no meio das etapas. Caso você também use SRAM, tenha o mínimo de conhecimento em ajustes de câmbio.

Utilize pneus reforçados. Nós usamos o RaceKing Protection da Continental. O danado apanhou muito nas pedras da região, mas não tivemos nenhum problema. Vi muita gente parada no meio do caminho com problemas de pneus.


[ O QUE CURTI ]
  • O clima da prova é sensacional! Todo mundo ali tentando sobreviver dia após dia. Todos se ajudando a cada etapa. Em cada ponto de água, os voluntários tentam animar os atletas para continuarem na prova. E o mesmo acontece em cada vilarejo em que passamos. Dá aquele UP no ânimo, mesmo você não tendo mais energias.
  • O nível do percurso é absurdo. Acredite: você nunca estará treinado o suficiente. Não subestime o Brasil Ride. Ele tá muito acima daquilo que aparece nos vídeos. Treine, treine, e quando estiver cansado, treine mais ainda. Você será levado ao limite lá.
  • O restaurante da organização é imenso. Tem uma variedade muito grande de opções, e você come até não aguentar mais. Eu jantava 2x todos os dias =X
  • A equipe médica. Esses aqui estão de parabéns. Depois da loucura que foi a 2ª etapa, esses caras podem ser considerados heróis! Me deram todo o apoio após o acidente. E Helio deu trabalho a eles todos os dias!
  • Com todos os atletas convivendo juntos, consegui conhecer muita gente legal. Pude conversar com o Henrique Avancini e o Sherman Trezza (Caloi Elite Team), conheci o Henrique Andrade, a Viviane Faveri e o Weimar Pettengill. Helio se assustou com a minha facilidade de networking lá. O tempo todo, eu chegava "tu não sabe com quem tava conversando ali..." kkkkkkkkkkkkk


Para uns, a salvação. Para outros, um problema.

[ DEU RUIM! ]
  • Como falei, nas duas vezes em que precisei do suporte da Shimano, acabei tendo que regular por conta própria logo depois. Se for de SRAM, seja autônomo nas regulagens da bike.
  • Banheiros químicos. Porque mais de 200 atletas usando não dá, né? =D
  • Água com gosto de cloro. Acredito que a água venha das represas próximas às cidades. Dá pra beber sem problemas. É limpa. Mas tem um gosto de cloro muito grande. do 3º dia em diante, comprávamos água mineral.
  • A organização oferece tomadas e internet Wi-Fi no Lounge. As tomadas funcionam. Mas a internet passa mais tempo fora do ar do que funcional. Ponto pra quem fica em pousada.
  • A camisa, e o MANGUITO de Finisher. Porque, além de ter ficado tudo feio pra caralho demais, a pessoa rala 7 dias, mas o nome Finisher vem no manguito?
  • Mas o que mais me chateou foi o descaso da organização no 6º dia com quem não conseguiu continuar na prova. Como quebrei o punho, era lógico que eu não podia voltar pedalando de Rio de Contas para Mucugê. Então na noite do 5º dia, procurei a organização para saber como proceder. Me recomendaram procurar uma moça lá, que nunca estava presente ou disponível. Após a largada da 6ª etapa, Carlo (de Araraquara/SP) e eu fomos novamente procurar um meio de voltar pra Mucugê. E então, um dos diretores de prova nos solta um absurdo:
- Como fazemos para voltar para Rio de Contas?
- Tem o ônibus-vassoura.
- Mas são 6h da manhã e ele só chega em Mucugê às 9h da noite!
- Pois é.
- Mas eu to com o punho quebrado e ele com o joelho inchado.
- Fazer o que?
Quer dizer... Com a prova custando R$ 2.500 por cabeça (esse ano subiu pra R$ 3.000!) e uma porrada de patrocinadores, eles não tinham condições de ter uma van para transporte dos desistentes ou impossibilitados de continuar? Tivemos que chorar carona com um dos voluntários que foi no próprio carro (valeu Fidelis! Salvou nossas vidas!). O percurso valeu cada centavo, mas a organização deixou a desejar.


Se der tudo certo, esse será seu estado ao fim de cada etapa.


Se você realmente pretende correr o Brasil Ride, parabéns! Te garanto que vai ser uma semana inesquecível. Céu e Inferno juntos durante 7 dias de pura diversão para todos os amantes do mais puro Mountain Bike.

Caso tenham dúvidas sobre algo que esqueci de comentar, me perguntem nos comentários. Vou responder com o maior prazer.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Brasil Ride 2014

Demorou muito, mas finalmente saiu o post sobre o Brasil Ride!
E pra não perder tempo, vamos direto ao assunto.


Pra resumir toda a prova em uma palavra só, eu diria que o Brasil Ride é uma competição desumana. Muito desumana. Você vai ao inverno e volta várias vezes durante todas as etapas.
As distâncias são muito longas, com subidas sequenciais, terreno técnico... Resumindo: é muita loucura participar. Como o Locutor Maquininha diria, "dói, dói, dói tuuuuuuudo nessa hora! Mas é bom demais!"

Maquininha: "paaaaaaaaarabééééééns!"

Na verdade, o Locutor Maquininha foi um caso à parte. Escutamos ele no 1º dia gritando no microfone, mas concluímos que era só durante o agito da largada e chegada dos profissionais. Mas não. O danado grita durante o evento inteiro! Do momento em que o galo canta até o fim do jantar. E tudo isso, "Em grande estilo! Que bacana! Que demais!" =D

[ Stage 1 ]
O prólogo é o dia mais curto de todos, com apenas 20km. Mas apesar da curta distância, ele contém todas as partes mais técnicas da ultramaratona.
Optamos por não forçar nesse dia, para não corrermos nenhum risco. Só que isso foi a teoria. Logo que foi dada a largada, atacamos e nos mantivemos assim por toda a primeira seção de singletracks e o trecho que a liga à segunda seção, que era a mais técnica.

3ª Seção de Singletracks

Conseguimos transpor bem os obstáculos da segunda seção (o que não rolou durante o reconhecimento que fizemos pela manhã) e partimos para a 3ª seção. Nela, tivemos um pequeno desentendimento de ritmo, pois Helio atacou e entrou na roda de outra dupla, enquanto eu tentava controlar minha FC, que estava disparada. Resolvemos esse problema e entramos em Mucugê gerenciando o ritmo até o final.

Final do Prólogo: Helio de boa e eu bufando. kkkkkkkkk

Terminamos a etapa com um tempo na faixa de 1:40h. Acho um bom tempo, considerando que não queríamos forçar.

[ Stage 2 ]
A segunda etapa, também conhecida como a pior de todas é um caso à parte no Brasil Ride. Nesse dia, você sente a tensão no rosto de todos os atletas, pois são 147km com mais de 3.000m de desnível acumulado. Largamos às 6h com o clima perfeito: céu encoberto, temperatura amena e sem chuva. Encaixamos um ritmo confortável desde o início, nos mantendo entre os pelotões amadores intermediários.

Subida que não tem mais fim!

Por volta do 1º ponto de água, o tempo virou e tínhamos sol a pino com o céu sem nuvens. E foi quando a coisa começou a desandar.
Mesmo fazendo a reposição e a hidratação conforme indicação de nossa nutricionista, comecei a sentir câimbras nas duas pernas, tanto na parte anterior quanto na posterior. Isso quer dizer que não conseguia impor o ritmo sentado ou de pé. Helio ajudava nas subidas me empurrando (ainda bem que não fotografaram isso!), e no plano e descidas eu conseguia me virar.
No 2º ponto de apoio, em Piatã, larguei a bike na tenda da Shimano para regularem o câmbio dianteiro, e fui comer de tudo: banana, laranja, salgados, doces, sucos, coca-cola... Qualquer coisa que ajudasse na reposição.

Com coisa de 1km depois de Piatã, paramos para regular novamente o câmbio (quem anda de SRAM, tomem cuidado. Meu câmbio saiu pior do que entrou na tenda da Shimano!).
No singletrack entre Piatã e o 3º ponto de água, as câimbras voltaram mais fortes que antes, a ponto de ter que me sentar no chão, pois não conseguia mais ficar de pé. Ali eu já sabia que a etapa estaria perdida, por isso mandei Helio seguir e se divertir no Vietnã. Segui me arrastando até o 3º ponto de apoio, onde havia atletas o suficiente para enchermos uma van inteira com atletas que não conseguiram continuar.

Helio entrando no Vietnã

Cheguei a Rio de Contas por volta das 8h da noite. Do pessoal aqui de João Pessoa, só a dupla formada por Ítalo/Adroilzo (EQ Bike/Go Funcional Fight!) conseguiu terminar a etapa. Todo o resto do pessoal parou no PC-4, pós-Vietnã. Durante a conversa com os atletas, soube que o termômetro bateu na casa dos 52°C dentro do Vietnã, onde muita gente abandonou a prova. Um dos gringos da equipe oficial da Trek entrou em convulsão e teve que ser resgatado de helicóptero.

[ Stage 3 ]
O dia começou com o anúncio de que todos os atletas que abandonaram o dia anterior poderiam retornar à competição, com um acréscimo de 5 horas no tempo geral.

Subida muito louca da Capelinha!

A 3ª etapa é a mais divertida de todas as 7. É um circuito XCO de 6.9km, onde os atletas devem dar 5 voltas. Porém, os atletas podem completar apenas 1 volta, tomando penalidade de tempo de 1h a cada volta que tomassem do líder. Pelo desgaste do dia anterior, muita gente optou por dar apenas 1 ou 2 voltas.

E a descida mais ainda!

A descida da igreja é tensa! Muito pior do que o que se vê em vídeos ou imagens. Ou a pessoa chega confiante de que vai descer, ou vai pra o chão. Foi muito divertido ver os profissionais passando pelos degraus da capelinha como se fosse plano. Os caras realmente são fora de série!

[ Stage 4 ]
A 4ª etapa foi a minha última no Brasil Ride. Estávamos em um bom ritmo, com muita gente ficando pra trás, e por volta do KM-17, tomei um tombo em uma descida simples. A bike escorregou no cascalho e eu caí em cima de uma pedra.
Poucos minutos depois, a ambulância da organização chegou para prestar o atendimento necessário. Inicialmente, sentia dores apenas no cotovelo. O socorrista que me atendeu falou que eu podia ter atingido um nervo e que por isso estava sem forças na mão. Pedi para continuar e ele enfaixou meu cotovelo.

Serra das Almas. Rio de Contas lá embaixo!

Alguns quilômetros depois, comecei a sentir pontadas na região do punho e avisei a Helio que ia seguir até o PC-1 para fazer um novo atendimento médico. Lá, foi levantada a possibilidade de fratura, pois eu não tinha força alguma na mão. Sequer conseguia fazer a troca de marchas entre as coroas.
Eu sabia que a brincadeira acabaria pra mim naquele dia, mas optei por continuar na prova até o PC-2, para poder aproveitar a competição até onde fosse possível.
Subimos a Serra das Almas em um ritmo muito bom. Na verdade, o melhor ritmo que impomos durante toda a prova. Não sei se era o condicionamento que finalmente tava pegando no tranco, ou se era raiva pela queda e por saber que a brincadeira acabaria ali. O que importa é que mesmo com dores, ainda conseguíamos passar algumas duplas no meio do caminho.

Preparando pra entrar no Kamikaze Trail

Já a descida através do Kamikaze Trail foi muito sofrida. Ela é um singletrack muito louco dentro de uma floresta, com aproximadamente 15km. Cada vibração que a bike tinha ao passar por degraus ou pedras, subia pela bike e batia no punho, me dando aquela sensação de arrependimento por ter optado por fazer a descida. kkkkkkkkkk
Ao chegar a Rio de Contas (já à noite), fui encaminhado ao hospital, onde foi confirmada, não só a fratura no punho, como também o meu abandono.

Desse dia em diante, passei a ser espectador, torcedor e devorador compulsivo de sorvete, vendo o povão chegar em estados que davam pena.
O Raul (Terra de Santa Cruz) trincou o quadro de sua bicicleta. E como ele tem quase a mesma altura que eu, cedi minha bike pra ele poder continuar na prova.

Existem os atletas brutos. E tem a Gabi, que põe eles no chinelo.

No 6º dia, a Gabi (que correu com o Raul) tomou um capote que abriu a testa. Na brutalidade, ela escondeu a ferida, pegou a bike, passou direto pela ambulância e concluiu a etapa. Também nesse dia, Helio (que já estava correndo solo, pela farra mesmo) atacou como se não houvesse amanhã, e logo depois da chegada, desmaiou ao lado da tenda de alimentação (ele não assume, mas todo mundo sabe que isso é verdade! kkkkkkkkkk) e teve que tomar soro/glicose na veia.


Fizemos grandes amigos lá no Brasil Ride:
- Daniel (SP), que nos encontrou largados ainda no aeroporto de Salvador, e nos passou todos os conselhos necessários para a prova "Vocês vieram aqui pra se fuder. Mais nada". E isso foi fato!
- Carlo (SP), que fechou uma amizade com toda a galera lá, e me aprontou algumas com o Locutor Maquininha.
- "Tio" Alan e Kelvey, que são dois cearenses arretados e não deixavam o clima baixar em momento algum!

Raul, Gabi, Tio e Kelvey: FINISHERS!

Infelizmente não foi possível pegarmos a camisa de Finisher (que esse ano tava feia pra caralho de doer), mas isso é o de menos. Mesmo desistindo no 4º dia, a experiência de correr uma ultramaratona foi fantástica.
É um estilo de competição que eu recomendo aos meus melhores amigos, e aos meus piores inimigos. Dia após dia você vai redescobrindo seus limites, mudando toda a sua noção do que é insuportável. Como diz o slogan da prova, é mais que uma competição. É um estágio em sua vida.


Agradecemos imensamente às empresas que nos apoiaram nesse projeto:
- James Laurence
- Brisas de Coqueirinho Country Club Resort
- BikeTech Pepe

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Vai começar a brincadeira!

Depois de meses e meses de treinamento, finalmente o dia chegou. Embarcamos hoje para Salvador, e amanhã chegaremos em Mucugê, uma das cidades-base do Brasil Ride.


O caminho até aqui não foi fácil, e todo o tempo, quilometragem e sofrimento que tivemos foram direcionados apenas para esses 7 dias. E nesses 7 dias, passaremos por dificuldades iguais, e talvez até maiores que as que enfrentamos durante os treinamentos.

Mas acima de todo o sofrimento, a diversão por estar lá vai ser muito maior. Estaremos com mais 498 atletas tentando completar cada uma das árduas 7 etapas apenas pelo lazer. Apenas porque gostamos disso. Apenas por uma camisa onde tem escrito Finisher.

Qual o sentido disso? Nenhum. Mas pra quem é apaixonado pelo esporte, lógica não é algo importante. Acho que tá no sangue mesmo.


Então, deixemos essa lógica de lado, e vamos para lá pela paixão pelo esporte. Pela paixão pelo mountain bike. Pela paixão pelo sofrimento em cima de um selim. E se tudo der certo, voltaremos no dia 26 com essa camisa onde tem escrito a palavra Finisher com um sentimento de alívio e conquista que supera a própria competição. Afinal, como diz o próprio slogan do Brasil Ride, "mais que uma competição, é uma etapa em sua vida".

Agradeço de coração a todos vocês que nos acompanharam até aqui. Visualizando o blog, o nosso canal no Youtube, ou pessoalmente. Seja através de comentários, através de apoio, em estarem presentes durante os treinos dando aquele auxílio quando precisávamos.


Tá começando a brincadeira! Nos vemos depois desses 7 dias de prova!